Por
Saruê
Ontem, dia 07/01/2015, ocorreu “1º Ato Contra o Aumento”, na Praça do Campo Grande, em Salvador, puxado pela frente Tarifa Zero. A motivação foi o aumento da tarifa de ônibus de R$2, 80, que já era absurdamente cara e sem justificativa, para R$3,00, dificultando ainda mais a mobilidade d@s que possuem baixa renda.
Algumas pessoas chegaram ao Campo Grande cedo, antes das 14h, horário
marcado para o ato. Quem também não perdeu o horário foi a tropa
de choque de Rui Costa (PT), que não chegou a entrar em ação, mas
já estava com seu ônibus estacionado em frente ao Quartel dos
Aflitos, para caso fosse necessário defender com truculência os
interesses de ACM Neto (DEM) e do Sindicato das Empresas de
Transporte Público de Salvador (SETEPS).
@s
manifestantes deram início à marcha pouco antes da 16h, seguindo o
percurso Campo Grande, Avenida Sete de Setembro, Praça da Piedade,
Estação da Lapa. Poucos minutos após o início do protesto, um
homem negro que passava ao lado da manifestação, mas não
participava dela, foi abordado pelos policiais. Era um artista de rua
que teve seus instrumentos de trabalho (3 facões e algumas bolas de
tênis) apreendidos, e ainda queriam encaminhar o rapaz para
delegacia. Questionado por uma moça que se identificou como advogada
do rapaz, o TC PM Valter Menezes, líder dos PM’s presentes, não
soube justificar legalmente o motivo pelo qual queria levar o
artista. Os policiais colocaram o rapaz na viatura, que saiu sob
gritos de “Polícia fascista, capacho de racista”. A manifestação
seguiu seu rumo.
Chegando na Av. 7, @s manifestantes, continuaram a puxar seus gritos
de ordem, fechar todas as faixas, e paravam de caminhar por alguns
minutos de tempos em tempos. O protesto seguiu dessa forma até a
entrada Estação da Lapa.
Na Estação da Lapa, @s manifestantes ficaram mais animad@s,
desceram as escadarias bradando palavras de ordem. Em frente ao
SalvadorCARD, repudiaram o aumento da tarifa e o fato de o transporte
público ser tratado como mercadoria.
Descendo as escadas e chegando ao local onde @s passageir@s pegam o
buzú, o tarifa zero fez um jogral, avisando que naquele dia a tarifa
seria gratuita. Os ônibus começaram a desviar do local dos pontos
onde ocorreriam os passes livres. Dessa forma, os manifestantes
saíram da estação da lapa, fechando a via por onde todos os buzús
tem que passar para sair da estação.
Durante algum tempo, todos os ônibus que passaram foram parados para
que a população pudesse pegá-los de graça. Algumas pessoas
ficaram receosas de entrarem gratuitamente no ônibus, talvez por
acreditar que aquilo seria algo errado. Já outras, menos afetadas
pela moral burguesa, não pensaram duas vezes antes de ter acesso aos
seus direitos.
Depois de quase uma hora de passe livre, dois ônibus, um que iria
para Candeias e outro para Camaçari, tiveram suas placas retiradas e
os motoristas falaram que os ônibus seguiam para garagem,
provavelmente por ordem das empresas. Entretanto, além dos ônibus
só terem retirados as placas ao verem que estava sendo realizado o
passe livre, havia uma passageira escondida na parte de trás do buzú
que ia para Candeias, confirmando, assim, a farsa. Após mais de 20
minutos de tentativa de convencer os motoristas a liberarem a entrada
da população, a PM que já sentia que o ato estava com menos
pessoas e que elas só estariam dispostas a investir naqueles ônibus,
supostamente apreendeu os buzús, e os mandou encostar – Dali não
sairiam.
Com a chegada da noite e alguma redução do número de pessoas, a
frente Tarifa Zero, através de um jogral, anunciou o encerramento do
ato, o que foi acatado pel@s ali presentes.
Houve alguns pontos negativos, como a aceitação de algumas figuras
e entidades oportunistas reconhecidamente oportunistas e traidoras da
causa sem nenhum repúdio e a centralização em alguns membros do
Tarifa Zero, o que pode gerar a imagem de que são lideranças, além
de coloca-l@s na mira dos agentes da repressão. Mas, em geral, foi
um bom ato.
Entretanto, para que a tarifa seja barrada, serão necessárias ainda
mais pessoas e ainda mais combatividade nos próximos atos. Então,
tendo ou não colado nesse ato, se prepare e tente colar no próximo.
Mas, mesmo que não consigamos derrubar a nova tarifa, a luta pelo
transporte não pode se restringir aos momentos de aumento da tarifa,
que são feitos quando @s estudantes tiram férias, para dificultar
as mobilizações. Por isso, não podemos deixar para nos
organizarmos apenas nesse período. Então estudem e debatam esse
assunto; se preparem e ajam como puderem, sem deixar que o SETEPS e a
prefeitura ditem quando vamos ou não fazer isso.
“Eu pago, não deveria, transporte não é mercadoria!”
Notas:
1. O artista que foi levado para delegacia já foi solto, mas terá que trabalhar para comprar novos materiais de trabalho.
1. O artista que foi levado para delegacia já foi solto, mas terá que trabalhar para comprar novos materiais de trabalho.
2. Sexta-feira, dia 09/01/2015, haverá uma assembleia do Tarifa
Zero, as 17:00, na Biblioteca Central dos Barris (Próxima ao
Shopping Piedade).
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